Dinâmica e diferenças dos preços
dos alimentos saudáveis e
ultraprocessados no Brasil

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Por que a comida saudável não
faz parte da rotina da maioria
das brasileiras e brasileiros?

Porque, ano a ano, ela está cada vez mais cara.

Desde 2006, o aumento de preços deste grupo de alimentos é muito superior ao dos ultraprocessados que, mais baratos e acessíveis, acabam ganhando espaço na vida e na mesa da população.

Esta realidade gera um preocupante desafio: o crescimento da insegurança alimentar, sobretudo de pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Mas este contexto não surgiu por acaso.

A diferença desproporcional de preços é consequência de um complexo jogo de poder que existe para concentrar riquezas nas mãos de pessoas, empresas e setores. Fazem parte dessa rede oligopólios, estrutura agrária e políticas fiscais - incluindo de impostos - que geram beneficiamento desonesto e desigual.

Tudo isso às custas da saúde da população.

Entre junho de 2006
e abril de 2021,

a inflação dos
alimentos e bebidas
ficou 38% acima do
Índice de Preços ao
Consumidor Amplo
(IPCA).

Evolução comparativa do índice acumulado
do IPCA Alimentos e Bebidas e IPCA Geral.

(Entre junho de 2006 e abril de 2021)

O Brasil tem extensa quantidade de
terra agricultável, quase o dobro da
média mundial*, condição que poderia
levar o país à soberania alimentar.

* em relação ao tamanho da população.

O acesso desigual à terra, uma
estrutura agrária concentrada e
o favorecimento aos monopólios
e à exportação são consequências
da formação econômica do país.

Com o Brasil em posição
competitiva no cenário
internacional, a produção
para exportação aumenta,
reduzindo a quantidade de
terras para cultivo de arroz,
feijão e frutas.

O total de hectares
destinados à produção
de legumes no Brasil é
menor do que o do
Japão - apesar do país
asiático ter área
agricultável 54 vezes
menor do que a nossa.

Comparação das plantações (em mi. ha.): Commodities para
exportação (Soja + Milho + Açúcar) versus Alimentos voltados
para consumo interno (Arroz + Feijão + Legumes + Frutas).

(Entre 1980 e 2019)

Se as condições e incentivos governamentais
dados ao produtor exportador fossem destinados
à agricultura familiar, a oferta de alimentos
saudáveis seria bem maior

Entre 2020 e 2021,
o governo destinou
R$ 211,86 bilhões para
a agricultura comercial
contra R$ 39,34 para a
familiar

Como consequência, os ultraprocessados
estão cada vez mais baratos. Mas os custos sociais, ambientais
e para a saúde pública não entram na precificação.

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No relatório “Dinâmica e Diferenças dos Preços dos Alimentos no Brasil”, o autor Valter Palmieri Júnior, doutor em desenvolvimento econômico pela Unicamp, contribui com o debate, levando ao conhecimento público as razões que conduziram o país a este cenário, e apresenta propostas para a construção de políticas públicas que garantam o acesso à alimentação adequada e promovam a saúde das famílias brasileiras.